Wednesday, March 20, 2013

pequenas epifanias

sentei na diagonal do moço-quase-simpático que almoçava na mesa daquele restaurante. aquele barato, meio sujo, mas com coisas vegetarianas e margaridas de mentira nas mesas. estava lotado, não tive escolha a não ser me convidar a sentar com ele. comemos compulsivamente, arreios à frente, sem lateralizar o olhar. pra não correr riscos, olhos fixos em lugar algum. cuidado meticuloso com a comida, que às vezes escapa pra fora do prato, ou da boca ou ainda aqueles pedaços que ficam presos nos dentes. Comer é tão íntimo. Vinte minutos de humanidade exposta. Frágeis, vulneráveis, com medo. Acabou de comer rapidamente, levantou-se abrupta e violentamente, ia saindo num fluxo desgovernado quando parou, virou-se e se despediu com um sorriso.