Sunday, February 11, 2007

thought machine

[Farewell in 3/4:

parte a/ parte à par/tão ímpar o ím/peto parte/e a paz vira par.]


Ganhei uma máquina de escrever. Tão bonitinha, numa maleta cinza. Abri com cuidado, os olhos se aproximaram num zoom-in cuidadoso, seguido por uma meticulosa inspeção nos emaranhados de letras ainda sem sentido. Tem cheiro de prosa, gosto de poesia!
O romantismo me seduzirá durante algumas batidas fortes nas teclas para que as palavras soem nítidas. A força do toque conduz as tintas.
O que me atrai de fato na anciã é o fato de ser meio instrumento de grito, meio de percussão. Ao todo, de repercussão. O que me repele é saber que terei mais cautela com as construções, mais vendas nos neurônios, mais esmero com os segredos.
Se meu coração continuar batendo bem, vai seguir o ritmo da minha máquina.

Feliz!