Sunday, March 02, 2008

Histórias de amor através da imagem hiperbolizada - cap.2

Leituras que descabelam os fios da razão.
Conversas solitárias que afastam os grilhões desse sentir que me disseram outro dia se tratar de 'nossa sensibilidade de quinta categoria'.
Adoraria fazer um épico. Mas agora estou aqui, na expressão máxima de tudo aquilo que me foi dado de herança pelos lemas mudos burgueses: trancada no cômodo da insegurança.
Tem gente que fala mais bonito dessa sensação. Talvez Drummond entenda melhor quando fala das coisas tangíveis que se tornam insensíveis à palma da mão.
E você, que agora está longe, costuma citar Brecht pra falar da imagem que me desestrutura. Aquele trecho lá, que fala da finitude e da mudança. Não ouso citar pois você o faz bem melhor.

A verdade é esta: nos perdemos numa briga árdua pra não aceitar, pra recusar coações, pra questionar, pra falar com voz suave sobre a bárbarie, pra desvendar as lacunas da palavra e as promessas das coisas que viraram gente e da gente que virou coisa. Briga dura.

Então, quando te digo que essa angústia me move e que me dá o ímpeto do primeiro pé pra fora da cama no morno surrealismo de nossos inconscientes, eu minto. Minto pra tornar mais fácil esse desespero todo. E se me permitir, finja que não confesso que eu finjo cá que não admiti. (já que agora tudo o que mais queria era ter por perto a tua voz que me contraria, pra poder continuar afirmando até perder a linha da discussão)

Queria ser artista e não ligar. Não sou. Sou gente comum que sofre de saudade.

2 Comments:

Blogger Ligia Carrasco said...

(já que agora tudo o que mais queria era ter por perto a tua voz que me contraria, pra poder continuar afirmando até perder a linha da discussão)



sensação única essa

3:42 PM  
Anonymous Anonymous said...

tão bonito e sincero.

2:57 PM  

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